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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Entre negociações renovadas: Pode o Oriente Médio sobreviver a um Estado palestino?

"... o braço estendido do islamismo que vê Israel
como um inimigo a ser aniquilado."
As equipes de negociação israelenses e árabe-palestinas se reuniram pela primeira vez em mais de um ano, na terça-feira (03) em Amã, na Jordânia. Itzhak Molcho, de Israel, e Saeb Erekat, da Autoridade Palestina (AP), foram acompanhados por representantes do Quarteto e da Jordânia durante a primeira parte da reunião. Durante a segunda parte, os dois ficaram sozinhos para discutir as questões. Segundo relatos, Erekat apresentou as conhecidas posições da AP sobre fronteiras e assentamentos exigindo uma retirada israelense da Linha Verde, as linhas de cessar-fogo de 1949-1967.

Após a reunião, um otimismo cauteloso foi expressado pelos anfitriões da Jordânia, e o simples fato de aproximar as duas partes foi visto como uma grande vitória para o rei da Jordânia, Abdullah. No entanto, fontes da AP em Ramallah não estavam muito exaltadas: "Não se pode dizer que o progresso foi alcançado, há apenas uma tentativa de criar uma atmosfera... Se Netanyahu parar as construções, uma grande oportunidade poderá surgir". O porta-voz do Hamas Fawzi Barhoum descreveu a reunião como "uma farsa e uma perda de tempo".

Em um desenvolvimento relacionado, o ex-chefe do Mossad, Meir Dagan, disse em uma entrevista na terça-feira que Israel enfrenta desafios que somente as grandes potências enfrentam. Israel está ameaçado pela guerra, pela instabilidade na região e pelo terrorismo, que evoluiu para ameaças não convencionais, Dagan declarou. Ele enfatizou a inteligência como um fator crítico na linha de defesa de Israel . "Sem [uma vantagem de inteligência] isso seria impossível para Israel para assumir os riscos", disse o ex-chefe do Mossad aludindo ao processo de paz.

Comentário:

A sabedoria convencional diz que o único caminho para a paz é o de estabelecer um Estado palestino. Desconsiderando por um momento os fatores morais e históricos que negam decisivamente o surgimento de tal Estado, a questão é justamente o contrário: Pode o Oriente Médio sobreviver a um Estado palestino? A primavera islâmica que varre o mundo árabe está substituindo ditadores de orientação secular por fundamentalistas muçulmanos que respondem a uma agenda religiosa. A AP não deixa de ser afetada por isso e uma grande parte, talvez até a maioria dos seus cidadãos, votariam pelo partido islâmico Hamas se eleições acontecessem hoje. O Hamas nesta semana se identificou formalmente como "o ramo palestino da Irmandade Muçulmana" do Egito enraizando ainda mais as forças islâmicas na região. Ao unir forças com a nova liderança do Egito, o Hamas também está fazendo o Fatah cada vez mais irrelevante.

Onde quer que o islamismo, de qualquer forma, esteja se mantendo, ele é antissionista e antissemita. Da Arábia Saudita ao Irã, ao Líbano, à Turquia, a Tunis, ao Egito, incitamento e ameaças definitivas estão na ordem do dia. O vice-líder da Irmandade egípcia, Dr. Rashad Bayoumi, disse no mês passado que "qualquer que seja a circunstância, nós não reconheceremos Israel em geral. É um inimigo ocupador criminal". Um possível Estado palestino será, portanto, o braço estendido do islamismo que vê Israel como um inimigo a ser aniquilado. Em vez de resolver um problema, ele vai intensificar o conflito.

Meir Dagan acredita que, com boa inteligência Israel ainda pode lidar com "os riscos", e ele provavelmente quer dizer o estabelecimento de um Estado palestino como um desses riscos. Este julgamento é contestado por outros especialistas importantes, mas o ponto mais importante é o pensamento subjacente à declaração. Dagan e muitos dos israelenses em favor de um Estado palestino não estão sob ilusão de que tal Estado levará à paz. Os "riscos" são códigos para "ameaças militares", e Dagan entende que estes continuarão, provavelmente até aumentarão, após o estabelecimento de um Estado palestino. Então, porque tal Estado é visto como a solução para o problema? E por que tudo isso é chamado de negociações de “paz"?

De acordo com a televisão israelense, as conversações entre Israel e a Autoridade Palestina irão continuar, mas "em segredo". O custo político para continuar as conversas em público são grandes demais para o líder da AP, Mahmoud Abbas, e será visto como um compromisso. Os Acordos de Oslo também iniciaram como conversações secretas e levaram às concessões israelenses de maior alcance já realizadas. No entanto, agora chegamos a um ponto onde as linhas vermelhas da maioria do público israelense, bem como, as do Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu, têm que ser cruzadas, a fim de acomodar as demandas da AP. Isto não é provável que aconteça, e os discursos são, portanto, não suscetíveis de levarem a qualquer lugar. Em tal cenário, Abbas ameaçou "tomar medidas" para deslegitimar e isolar Israel – a propósito criando uma atmosfera para negociações de paz.

Fonte: Word of Life Israel

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