“Espero que este acordo promova a paz entre Israel e os palestinos”, disse Shalit numa entrevista à televisão egípcia, depois de ter sido transferido para a base de Kerem Shalom, que separa o Egito de Israel.
Shalit afirmou ter sido bem tratado pelo Hamas e está de boa saúde, mas “com saudades da família”. O sargento disse ainda que só há uma semana descobriu que tinha havido um acordo para a sua libertação, assinado entre o Hamas e Israel (e mediado pelo Egito), e que temia ficar em cativeiro “por muitos mais anos”, cita o Haaretz.
“Estou muito emocionado. Não via pessoas há muito tempo”, desabafou. De resto, está desejoso de “falar com pessoas” e “não fazer as mesmas coisas durante todo o dia”.
As primeiras imagens do sargento (visto pela última vez num vídeo de dois minutos em Outubro de 2009) mostravam o jovem com um boné preto, sempre com homens a agarrarem-no pelo braço.
Uma fonte do Hamas adiantou à BBC que até os 477 presos palestinos serem libertados, os seus soldados acompanhariam sempre Shalit.
Shalit, que durante estes anos esteve presos em Gaza num local secreto, foi levado esta manhã para o território egípcio, atravessando a fronteira de Rafah. Em Kerem Shalom fez uma chamada para os pais e foi examinado por médicos, sendo de seguida transportado por helicóptero para a base aérea israelense de Tel Nof, onde se reencontrou com a família e foi saudado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Festa nos territórios palestinos
Também já começaram a chegar a Gaza a maior parte dos 477 palestinos libertados hoje. Outros irão para a Cisjordânia e outros ainda para um país terceiro – Turquia, Síria e Qatar aceitaram acolhê-los.
Segundo a AFP, pelo menos 200 mil pessoas juntaram-se em Gaza para dar as boas vindas aos 296 presos, que chegaram no final da manhã a Rafah. Segundo a BBC, 180 já estão mesmo em Gaza. Está previso que o chefe do governo do Hamas, Ismail Haniyeh, faça um discurso.
Ao início da manhã, uma coluna de detidos palestinos tinha abandonado uma prisão no Sul de Israel, enquanto um grupo mais pequeno saiu de uma outra penitenciária no centro do país - ambos sob fortes medidas de segurança. Mais de mil policiais israelenses estavam espalhados pelos trajetos-chave desta troca de prisioneiros.
Os restantes 550 prisioneiros palestinos deverão ser libertados dentro de dois meses. Este acordo prevê a libertação total de 1027 detidos palestinos – o número mais elevado de sempre em troca de apenas um soldado israelense.
Shalit disse na entrevista que deseja que mais palestinos presos possam voltar para as suas famílias, mas espera que “não voltem a atacar Israel”.
O caso emocionou o país e a sua família manteve sempre acesa a luta pela sua libertação, mas há muitos israelenses que viram membros das suas famílias mortos por militantes palestinos e que se opõem, por princípio, a qualquer libertação massiva de prisioneiros.
“Eu entendo a vossa dificuldade em aceitar que estas pessoas vis que cometeram crimes hediondos contra os vossos entes queridos não paguem o preço que merecem”, escreveu Netanyahu numa carta endereçada às famílias israelenses que perderam alguém em ataques promovidos por palestinos.
Apesar disso, uma sondagem levada a cabo em Israel dá conta que 79% dos israelenses inquiridos apoia esta troca, embora 50% destes admita temer que estas libertações possam fazer ressurgir o terrorismo.
Fonte: Público
Fonte: Público
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