Dificilmente será um exemplo de democracia. |
Na semana passada, na Líbia, o mais antigo ditador do Oriente Médio, Muamar Kadafi, foi deposto de seu governo – e morto – em um ato brutal de vingança perpetrado pelas forças rebeldes. Quarenta e dois anos de tirania acabaram quando o líder do Conselho Nacional Transitório (CNT), Mustafá Abdel Jalil, declarou a vitória. Um governo de transição está para ser estabelecido em 30 dias, e será eleita em 240 dias uma assembleia que terá a missão de promulgar uma Constituição. O processo democrático parece estar se desenvolvendo.
Na Tunísia, onde a chamada “Primavera Árabe” foi iniciada por um desesperado vendedor de vegetais, o processo democrático foi mais longe, e as primeiras eleições foram realizadas nesta semana. O Partido Islâmico Enhada tornou-se de longe o maior partido e assegurou 40% das cadeiras no novo parlamento, o qual agora começa a promulgar a Constituição.
No Egito pós-Murabak, as multidões muçulmanas andam livremente nas áreas dos cristãos da igreja copta. Com o exército como mero espectador, ou quem sabe como cooperador ativo, as multidões mataram centenas e mutilaram muitos outros. Mulheres cristãs estão sendo sequestradas e forçadas a se casarem com homens muçulmanos; monges estão sendo torturados, igrejas e monastérios estão sendo devastados e incendiados, e os coptas estão sendo perseguidos nas ruas e nas escolas. Desde março deste ano, 100.000 coptas fugiram do país. Perseguição a cristãos e a subsequente emigração estão acontecendo também em outras áreas como o Iraque, Líbano e na região sob administração da Autoridade Palestina. Muitos estão desesperados para fugirem, mas são incapazes disso por razões econômicas, dentre outras.
Comentário:
Os resultados da “Primavera Árabe” estão ficando agora mais visíveis, e eles não são encorajadores. Contrariamente às repetidas e otimistas avaliações de Obama de um democrático Oriente Médio, o poder dos islâmicos está aumentando. Islamismo, como nós conhecemos, é incompatível com valores democráticos, é antiocidental e anti-Israel. O que segue é uma visão geral de como está a situação nos seus países principais.
As previsões de uma democracia verdadeira na Líbia não são promissoras. Considere a pessoa de Abdel Hakim Belhaj. Belhaj é um islâmico bem conhecido que tem ligações com a Al-Qaeda. Desde 1988, ele lutou contra os soviéticos e depois contra os americanos no Afeganistão, e foi até mesmo preso pela CIA em 2004. A CIA entregou-o a Kadafi. Em um recente conflito, ele estava lutando lado a lado com os americanos contra o ditador da Líbia. O fato problemático é que não foi Belhaj que mudou de lado.
Em toda a campanha contra Kadafi, Belhaj recusou a submeter sua grande milícia à liderança política do CNT (Conselho Nacional Transitório). Considerando a fragmentada sociedade da Líbia, com tribos e clãs vivendo em constante alerta, e agora armados até os dentes, com armas sofisticadas vindas do arsenal de Kadafi, dificilmente se pode culpá-lo. Há um grande risco que a rivalidade interna, e até mesmo uma futura guerra civil, possam estourar o conflito pelo poder e pelo petróleo do país. Nesse ponto, os islâmicos permanecem fortes militarmente.
Em seguida da morte de Kadafi, o líder da CNT, Abdel Jalil, realizou um discurso de vitória no qual ele disse que a sharia (lei religiosa dos muçulmanos) será a “fonte principal” de leis no país, e nenhuma lei que seja contrária à sharia será permitida. Isso significa, na prática, um Estado islâmico. E nesse Estado, é lógico afirmar que a poligamia será permitida, amputações por crimes pequenos serão comuns, os direitos das mulheres serão severamente violados, a liberdade de expressão será restringida e a conversão será punida com morte. Dificilmente será um exemplo de democracia.
Muito da mesma coisa pode ser dita da Tunísia. Esse país tem sido considerado o mais secular dos Estados árabes – mas a Enhada é um partido islâmico. Seu líder, Rachid Ghannouchi, já disse que a nova Constituição será baseada na sharia. Se a “secular” Tunísia tornar-se islâmica, é razoável acreditar que mais nações religiosas farão a mesma coisa.
No Iraque, os EUA estão planejando deixar o território e os iranianos estão preparando a sua entrada. O Irã já está interferindo na política do Iraque e apoiando milícias naquele país, utilizando-se da maioria da população shia-muçulmana que habita lá. O Irã é, em vários aspectos, um modelo completo de um Estado islâmico e também está buscando criar tentáculos em países como Bahrein e Iêmen. Caso o regime muçulmano obtenha armas nucleares, a sua esfera de influência aumentará drasticamente.
Na Turquia, o partido islâmico do primeiro-ministro Erdogan está ocupado em abolir a democracia e em impôr a sua lei. Opositores políticos, juntamente com a imprensa e militares, estão sendo presos, e a nomeação de juízes é dependente da aprovação da cúpula do partido. A Turquia já violou o acordo que tinha com Israel e está adotando orientação que lhe afasta cada vez mais da Europa. A Turquia, sob o comando de Erdogan, serve como modelo para o partido Enhada na Tunísia.
No Líbano, um partido islâmico, Hezbollah, controla o governo, da mesma forma que o Hamas governa na Faixa de Gaza. Na Síria, é difícil dizer o que acontecerá caso o regime de Assad cair, mas também lá os islâmicos têm um ponto de apoio seguro. Somando tudo, não resta dúvida de que a “Primavera Árabe” tenha levado um aumento dramático da influência da política do Islã no Oriente Médio.
Alguém poderia legitimamente perguntar: se o povo, através das eleições, escolher partidos islâmicos, deveriam ser eles proibidos de fazer isso? Não é pela a vontade do povo que nós lutemos? Mas o problema é quando isso leva à tirania da maioria, onde as minorias, tais como os cristãos e os judeus, são perseguidos e direitos humanos fundamentais são violados. Isso é inaceitável. É uma decepção chamar isso de democracia. Eleições livres são apenas uma parte de uma democracia que efetivamente funcione.
Israel é a única democracia no Oriente Médio. Isso é uma conquista que não é suficientemente entendida nem admirada pelas outras nações. Ao invés de ser excessivamente criticado, isolado e enfraquecido, o Estado judeu deveria ser exaltado como um perfeito modelo de democracia no Oriente Médio. Israel poderia servir como um recurso de conhecimento, experiência, know-how e exportar democracia para seus países vizinhos. Os líderes árabes poderiam vir a Israel para estudar as instituições nacionais, o parlamento, o sistema de eleição, os sistemas financeiro e jurídico, e tudo mais. Mas por que isso soa tão utópico?
Fonte: Word of Life Israel
Fonte: Word of Life Israel
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