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domingo, 16 de outubro de 2011

Shalit e Arad: Destinos Distintos

"É difícil definir a emoção que tomou conta de Israel..."
Na terça-feira passada, no momento em que a imprensa dentro e fora de Israel começava a informar sobre o acordo de troca de prisioneiros entre Israel e o grupo terrorista Hamas para a libertação do soldado Gilad Shalit, um evento acontecia numa base militar israelense. Era a cerimônia marcando os 25 anos do desaparecimento do piloto Ron Arad, sequestrado pelo grupo terrorista libanês Amal no dia 16 de outubro de 1986.

O avião de Ron Aradcaiu no Líbano e o piloto foi levado como refém pelo Amal. Depois passou para as mãos do Hezbollah, que até tentou extorquir de Israel a libertação de presos. Mas Arad nunca mais voltou e ninguém sabe o que aconteceu com ele, no que, para muitos, é considerado um dos maiores traumas nacionais. Uma das principais alegações dos que apoiam a atual troca de prisioneiros com o Hamas é a de que Israel tem que justamente evitar que Shalit se torne “o novo Ron Arad”.

Há algum tempo, um comercial de TV idealizado pela campanha nacional para a soltura do soldado fazia essa correlação, mostrando o rosto de Gilad Shalit se “metamorfoseando” no de Ron Arad ao som de uma espécie de “berro” na voz do cantor Yehuda Poliker. No fim, uma frase: “Gilad Shalit ainda vive”.


É difícil definir a emoção que tomou conta de Israel, deste terça-feira passada. Há muito tempo não sinto uma energia tão impressionante. O país inteiro espera ansioso pela voltade Guilad Shalit – apelidado de “o menino de todos”. Tem gente chorando, gente se emocionando, gente se orgulhando, gente comemorando.

Mas também tem gente preocupada, com raiva, com medo. A ONG Almagor, que reúne famílias de vítimas do terrorismo, entrou com um pedido na Suprema Corte israelense para evitar a libertação dos presos palestinos mais “pesados”, ou, como se diz por aqui, com mais “sangue nas mãos”. Ou pelo menos adiar a soltura, até que os parentes dos israelenses mortos pelos terroristas libertados possam se mobilizar em termos jurídicos.

Mas a Justiça não vai intervir e o presidente Shimon Peres deve anistiar todos os 1.027 palestinos que vão ser libertados em troca de Shalit.

Depois que Shalit voltar, outra troca de prisioneiros deve acontecer. Mas, dessa vez, como os egípcios. Um cidadão israelense-americano chamado Ilan Grapel, de 27 anos, está preso no Egito há quatro meses, acusado de espionagem. Ele deve ser solto em troca da libertação de dezenas de detentos egípcios em Israel e de “favores militares” do governo americano. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu conversou nos últimos dias sobre isso com Hussein Tantawi, o líder da junta militar que sucedeu o ex-presidente Hosni Mubarak.

Em troca de Grapel, Netanyahu também prometeu “pedir desculpas” oficialmente pela morte de cinco soldados egípcios durante um ataque terrorista a Israel, em agosto, que deixou oito israelenses mortos. Ao que tudo indica, tropas de Israel atiraram nos soldados achando que faziam parte do grupo terrorista – até porque, segundo testemunhas,alguns dos terorristas estariam vestindo uniformes do exército do Egito. O ministro da Defesa, Ehud Barak, já pediu desculpas. Mas parece que não foi suficiente.

Grapel é acusado deter entrado no Egito para “juntar informações” sobre o país a mando do Mossad. Sua família e amigos negam que ele trabalhe para a inteligência israelense e dizem que ele é um rapaz ingênuo e um tanto aéreo. Mas espião, não. No Facebook, seus amigos criaram uma página (http://www.facebook.com/FreeIlan)  pedindo por sua libertacao.

Por Daniela Kresch, Rua Judaica

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