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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Semelhança do sofrimento judaico com sofrimento palestino

Garotos judeus e palestinos jogam futebol como forma de promover a paz.
Os palestinos estão na Palestina porque esta é sua terra natal, e a única terra natal do povo palestino. Da mesma forma que a Holanda é a terra natal dos holandeses, ou que a Suécia é a terra natal dos suecos. Os judeus israelenses estão em Israel porque não há nenhum outro país no mundo a que os judeus, como povo, como nação, poderiam chamar seu lar. Como indivíduos, sim, mas não como povo, não como nação. Os palestinos tentaram, involuntariamente, viver em outros países árabes. Foram rejeitados, às vezes até humilhados e perseguidos, pela chamada “família árabe”. Tomaram conhecimento, da maneira mais dolorosa, de sua “palestinidade”, pois não eram desejados como libaneses, como sírios, como egípcio ou como iraquianos. Eles tiveram que aprender, pelo caminho mais difícil, que são palestinos, e este é o único país em que eles podem segurar-se. De uma maneira estranha, o povo judeu teve uma experiência histórica paralela a esta do povo palestino, de alguma forma.

Os judeus foram expulsos da Europa. Meus pais foram expulsos da Europa (virtualmente) há cerca de setenta anos. Exatamente da mesma forma que os palestinos foram inicialmente expulsos da Palestina e, em seguida, dos países árabes, ou quase. Quando meu pai era menino, na Polônia, as ruas da Europa estavam cobertas de pichações “Judeus, vão para a Palestina”. Ou, algumas vezes, bem menos gentis que essa: “Judeus desgraçados, vão para Palestina!” Quando meu pai voltou, em visita à Europa, cinquenta anos mais tarde, os muros estavam cobertos de pichações “Judeus, saiam da Palestina”.


Amós Oz, “Contra o Fanatismo”, Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 46-47.

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