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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

SANA e sua Credibilidade

Estamos diante de fatos cada vez mais assustadores da realidade em que os sírios estão sendo acometidos. Uma forte repressão de Bashar Al-Assad aos protestos iniciados meses atrás ocupam, diariamente, a seção Internacional dos jornais pelo mundo afora. Agora, até quando confiaremos nas informações veiculadas pela imprensa oficial?

Tomemos um simples exemplo: no início do mês de junho, a imprensa internacional voltou seus olhos à "Naksa" e às suas consequências nas fronteiras de Israel. Os protestos não foram pacíficos e as baixas do lado sírio foram consideradas com tamanha presteza, sendo divulgadas com incrível facilidade pelos principais noticiários do mundo. Fonte das informações totalmente tendenciosas? SANA, a agência de notícias estatal da Síria.

Isso não é surpreendente? Por acaso, não seria esta a agência responsável pela omissão de informações relacionadas às intervenções violentas de Bashar Al-Assad em seu próprio país? O que a tornou confiável?

Nos dias 16 e 17 deste mês, agências internacionais cederam espaço, mais uma vez, à tão confiável SANA. Tanto EFE como Reuters divulgaram em suas notícias que as tropas sírias, finalmente, estariam se retirando das localidades de Deir Zor e Latakia. As informações haviam sido prestadas pela agência estatal síria, que também divulgou uma fotografia indicando, supostamente, a retirada do exército sírio.

Jornalistas do mundo inteiro, tomados pelo sentimento high speed, não pensaram duas vezes em publicar as "boas novas".


No entanto, tudo isso não passava de uma mera sabotagem, um artifício barato utilizado pela SANA com o objetivo de filtrar (e alterar) as notícias que circulam do lado de fora da Síria - já que o acesso às informações internamente é controlado com extrema rigidez pelo governo. Ativistas e organizações de Direitos Humanos continuaram denunciando a intervenção militar de Assad.

Até que ponto a mídia internacional deve chegar para concluir que a agência estatal síria não é digna de confiança? Obviamente, nem ao menos olham para trás e veem os estragos já causados por uma imprensa manipulada pelo Estado.

O que dizer do Estado de Israel, prejudicado em várias circunstâncias pelas disseminações da SANA? Será que há consciência, por parte da imprensa oficial, de que notícias errôneas que desfavorecem a Israel produzem opiniões precipitadas quanto a Israel? Correções são necessárias, além de urgentes.

O primeiro a ser feito é considerar que, sem dúvida alguma, SANA faz parte de uma mídia inSANA.

Por Jônatha Bittencourt

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