"Israel declarou guerra à nação palestina" (Foto: AP) |
Após seis anos numa prisão israelense, Hassan Yousef - um dos maiores líderes espirituais do Hamas na Cisjordânia - foi libertado na última quinta-feira (04).
Yousef foi libertado juntamente com outros 200 palestinos presos que cumpriram sua sentença completamente. Outros 570 prisioneiros que cumpriam penas não relacionadas ao terrorismo também foram liberados.
Supostamente, Hassan Yousef era para ter sido liberado há seis meses mas o centro de defesa decidiu mantê-lo em detenção administrativa. Após deixar o presídio Ofer e chegar a Ramallah, onde vive, Yousef convocou todas as facções palestinas para se unirem contra Israel.
Yousef disse que irá unir esforços pela reconciliação entre Fatah e Hamas, e destacou que Israel não declarou guerra contra a liderança do Hamas, parlamentares e ativistas, mas, sim, contra a nação palestina. Segundo Yousef, o Hamas permanece leal à causa dos palestinos e continuará a sua busca pelo "caminho da libertação", lutando até que a nação palestina esteja livre da ocupação israelense.
Hassan Youssef denunciou que ainda continuam presos 19 legisladores palestinos, sendo que 17 fazem parte da lista de parlamentares integrantes do movimento de reforma do Hamas. Também disse que cerca de 40 prisioneiros estavam sendo mantidos em confinamento solitário, uma forma de pressão para que o Hamas libertasse o soldado israelense Gilad Shalit.
As linhas de 1967
O líder do Hamas disse que seu movimento não apoia o plano de Mahmoud Abas, da Autoridade Palestina (AP), de solicitar à ONU, em setembro, o reconhecimento de um Estado palestino segundo as linhas pré-1967.
Ele disse que seria apenas mais uma medida ineficaz e adicionada às resoluções anteriores da ONU quanto ao conflito árabe-israelense.
O Ramadã não foi determinante
Fontes do Serviço de Prisões de Israel desmentiram a informação de que Yousef foi libertado como um gesto diante do feriado muçulmano do Ramadã, destacando que o ato fez parte de uma prática padrão de criar espaço para novos detentos.
Na terça-feira (02), foi determinado pelo Knesset que o Serviço de Prisões receberia fundos para mais 17.700 prisioneiros.
O comitê define, duas vezes por ano, o número de presos que podem ser mantidos encarcerados.
Gilad Shalit
Devido à soltura de prisioneiros, incluindo membros do Hamas, Noam Shalit disse que esses foram apenas uma fração dos milhares já libertados desde que a facção extremista sequestrou seu filho, Gilad Shalit, há cinco anos.
"O primeiro-ministro e seu gabinete têm assustado o público e dito a eles que a libertação de prisioneiros em troca de um soldado levaria a uma nova onda de terror e de mortes de israelenses", disse Noam, fazendo referência ao pedido realizado pelo Hamas de que 1000 prisioneiros, incluindo responsáveis por terrorismo, fossem libertados em troca do jovem soldado israelense sequestrado em 2006.
Pouca Influência
Yousef é considerado um dos fundadores do Hamas e, durante a Intifada de Al-Aqsa, foi um dos líderes da organização na Cisjordânia. É famoso em Israel por causa de seu filho, Mosab Hassan Yousef, que foi considerado o mais experiente informante de Israel dentro do Hamas durante a segunda Intifada. Mosab é o autor do livro "Filho do Hamas" (Son of Hamas - em inglês).
A AP não se impressionou pela libertação de Yousef. Uma fonte palestina disse à Ynet que a libertação não surtiu muito efeito no Hamas já enfraquecido na Cisjordânia.
"Já se passou um longo período desde que Yousef tinha qualquer influência sobre o povo - e não somente ele. Toda a liderança do Hamas na Cisjordânia tem pouca influência no seu desenvolvimento", disse o informante.
Em conversa com a agência de notícias árabe Ma'an, Yousef negou as alegações de que prisioneiros do Hamas em prisões israelenses estiveram por trás das negociações frustradas das trocas de prisioneiros pelo soldado israelense sequestrado, Gilad Shalit.
"Ao longo dos últimos anos ocorreram algumas negociações entre os prisioneiros e Israel. Eu participei de alguns deles e o único que os frustrou foi Benjamin Netanyahu", disse Yousef, relacionando-se à recusa, há cerca de um mês, do primeiro-ministro israelense em aceitar as condições dos sequestradores.
Quanto à recente onda de protestos sociais em Israel, Hassan Yousef disse que espera que os protestos possam "render frutos em todas as questões relacionadas aos direitos dos palestinos e israelenses árabes".
Fonte: Ynet News e The Jerusalem Post
Tradução: Jônatha Bittencourt
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