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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Exército sírio lança operação em Homs após ofensiva marítima contra Latakia

Moradores autorizados pelo Exército a deixar as localidades
foram atacados pelo próprio Exército enquanto fugiam.
O Exército sírio lançou nesta segunda-feira (15) uma nova operação em Homs (centro) no dia seguinte a uma ofensiva com navios de guerra contra o porto de Latakia, em mais um dia de repressão a uma revolta contra o regime de Bashar al-Assad que já dura cinco meses.

Apoiado por tanques, o Exército entrou nesta segunda-feira em várias localidades da região de Homs, principalmente em Hula. O Exército "efetuou revistas e detenções sob intensos tiroteios", e um idoso morreu baleado por franco-atiradores emboscados, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) em um comunicado.

Outra ONG síria indicou "um grande número de tanques no interior de Hula e disparos de metralhadora".

"Há tanques mobilizados em algumas regiões e há milícias leais ao regime e agentes de segurança posicionados em todas as estradas e nos povoados nos arredores de Hula, onde apagam as pixações contra o regime", afirmam os ativistas.

Em Latakia (noroeste), os militantes dos Direitos Humanos asseguram que a repressão segue após a morte de 26 pessoas no domingo.

Muitos moradores dos bairros de Al-Raml e Ain al-Tamra, autorizados pelo Exército a deixar as localidades, foram atacados enquanto fugiam. "Um deles morreu em um posto de controle vítima de disparos do Exército e outros cinco ficaram feridos", informou o OSDH.

"As revistas continuam nesta cidade onde os disparos podem ser ouvidos. Há franco-atiradores emboscados nos telhados", segundo a mesma fonte.

No domingo, os navios de guerra entraram em operação pela primeira vez desde a eclosão da revolta na Síria para reprimir os protestos nesta cidade litorânea.

A agência de notícias oficial Sana, reproduzindo a versão do regime, explicou no domingo que as forças intervieram em Latakia "a pedido dos moradores para perseguir os grupos armados" e informou que dois policiais foram mortos e 41 ficaram feridos, além de desmentir a realização de uma operação marítima.

A Agência das Nações para os Refugiados Palestinos (UNRWA, siglas em inglês) indicou que mais de 5.000 refugiados palestinos fugiram de um campo nessa cidade depois dos disparos das tropas sírias.

"Milhares de refugiados palestinos fugiram do campo. Lá há 10.000 refugiados e mais da metade fugiu", declarou Chris Gunnes, porta-voz da UNRWA, que solicitou acesso imediato ao campo de Raml.

"Entre 5.000 e 10.000 pessoas partiram. Temos que ir até lá para vermos o que acontece verdadeiramente", insistiu.

A agência Sana anunciou a nomeação de Muafaq Khaluf como novo governador de Alep (norte), segunda maior cidade da Síria, palco de manifestações contra o regime durante as últimas semanas.

Assad já nomeou novos governadores, principalmente em Homs, em Hama (norte) e em Deraa (sul), onde surgiu o movimento de protesto no dia 15 de março.

A partir dessa data, o regime de Assad anunciou algumas mudanças políticas de baixo alcance e reprime a revolta com violência, desencadeando diversos apelos internacionais para pôr fim à violência.

Na região, a situação da Síria atrai todas as preocupações. O rei Abdullah da Arábia Saudita e o presidente turco Abdullah Gül realizaram um encontro no domingo em Jedá, às margens do Mar Vermelho, para conversar sobre a conjuntura regional.

O presidente americano Barack Obama já pediu no sábado, junto com o rei saudita, que seja interrompida "imediatamente" a violência do regime.

De acordo com o jornal El País, o chefe do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, enviou para a Síria "em segredo" no mês de julho seu conselheiro Bernardino León para propor a Assad uma saída para a crise e oferecer abrigo a sua família.

León viajou sozinho e sem seu passaporte diplomático. Mas a iniciativa não parece ter dado frutos. "Minha impressão é que não vai ceder em nada substancial", disse León em seu retorno, segundo o periódico, que cita um diplomata que solicitou o anonimato.

Na cidade cisjordana de Ramallah, cerca de 400 palestinos realizaram no domingo um ato em "solidariedade ao povo sírio".

Desde o começo da levante na Síria morreram quase 1.800 civis e mais de 400 membros das forças de segurança, segundo uma contagem do OSDH.

Fonte: AFP
Via: Radio Nederland Wereldomroep Brasil

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