Primavera de Praga: por uma legítima democracia. |
Os processos em andamento no mundo árabe talvez tenham sido injustiçados quando a mídia se apressou em caracterizá-los como "Primavera Árabe" - ao longo das linhas da Primavera de Praga, de 1968, ou da Europa Oriental, em 1989 - na esperança de que mudanças dramáticas poderiam conduzir à democracia e à liberdade.
É o suficiente ouvir a voz desesperada dos grupos liberais e seculares no Egito, sem mencionar o silêncio retumbante da minoria copta, para perceber que o Egito não está andando rumo à democracia e ao liberalismo. Dada uma escolha entre um governo muçulmano e uma junta militar, as chances do Egito ter um futuro democrático são escassas. A dura verdade é que a revolução na praça de Tahrir foi uma revolução da classe média educada, que não representa a maioria da sociedade egípcia.
Durante o século passado, o mundo muçulmano experimentou algumas tentativas de modernização e secularização impostas de cima para baixo, por uma elite educada em ideologias ocidentais que procurou recriar uma sociedade secular e ocidental. No entanto, porque a maioria da população era religiosa e conservadora, esses protestos foram realizados à força. Mas, afinal, você não pode impôr modernização e secularismo quando a maioria das pessoas acredita que isso faz parte de conceitos alienígenas.
Por Shlomo Avineri / Haaretz
Tradução: Jônatha Bittencourt
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