Teerã rebateu de maneira antecipada as possíveis acusações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) por seu programa nuclear e prometeu represálias contra Israel e Estados Unidos no caso de ataque militar contra seu território.
A hipótese de um ataque de Israel contra as instalações nucleares do Irã ganhou força nos últimos dias, alimentada por vazamentos para a imprensa sobre um debate que divide o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Nesta segunda-feira o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad declarou que Estados Unidos e Israel desejam atacar o Irã para combater a crescente influência da República Islâmica e advertiu contra qualquer agressão ao país, em uma entrevista ao jornal egípcio Al-Akhbar.
"O Irã aumentou suas capacidades e continua progredindo, e por esta razão é capaz de rivalizar com o mundo. Agora Israel e o Ocidente, em especial os Estados Unidos, temem as capacidades e o papel do Irã", disse Ahmadinejad.
"Buscam apoio internacional para suprimir a influência (do Irã). Os arrogantes devem saber que o Irã não permitirá esta agressão", completou.
O presidente israelense, Shimon Peres, considerado um "moderado" ao contrário do "falcão" Netanyahu, afirmou no domingo que "a possibilidade de um ataque militar contra o Irã parece mais próxima que a opção diplomática".
A Rússia advertiu nesta segunda-feira a Israel que um ataque contra o Irã seria um "erro muito grave" capaz de provocar mais conflitos e causar vítimas civis.
"Seria um erro muito grave com consequências imprevisíveis", disse o chanceler russo Serguei Lavrov.
"Não pode existir nenhuma solução militar para o problema nuclear iraniano, como não pode existir para nenhum outro problema do mundo contemporâneo", completou Lavrov.
A AIEA publicará na terça-feira um relatório sobre o programa nuclear iraniano.
Segundo fontes diplomáticas ocidentais, a AIEA deve publicar informações que respaldam as suspeitas sobre o caráter militar do programa nuclear iraniano, apesar dos desmentidos do governo de Teerã, que admite apenas objetivos civis.
Um importante religioso conservador iraniano, o aiatolá Ahmad Khatami, pediu nesta segunda-feira ao diretor-geral da AIEA, o japonês Yukiya Amano, que não atue como um instrumento dos Estados Unidos contra o Irã.
"Se Amano atuar como um instrumento sem vontade nas mãos dos Estados Unidos, publicando mentiras e apresentando-as como documentos, a AIEA perderá a escassa reputação que resta", declarou Khatami em um discurso por ocasião do Aid (Festa do Sacrifício).
Khatami também fez um alerta a Estados Unidos e Israel sobre uma eventual ação militar contra o Irã.
"A época da superpotência americana terminou. O Irã é um país poderoso e, ante qualquer conspiração, responderá da mesma forma para que isto sirva de lição aos outros países", completou o religioso.
Fonte: ANP/AFP
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