Shimon Peres: "Estou convencido de que já poderíamos ter alcançado a paz com Abu Mazen." |
O presidente de Israel, Shimon Peres, acredita que é possível chegar a uma negociação com o representante palestino, a quem considera "sócio sério e digno" para negociar. "Sei que existem outras opiniões (a respeito de Abbas poder ou querer a paz), mas não as aceito, já tenho alguma experiência quanto ao tema", destacou o mandatário.
Em sua pouco frequente intervenção em assuntos políticos, o chefe de Estado revelou que teve "não poucas conversas com Abu Mazen (o outro nome pelo qual também é conhecido o líder palestino)" e assegura que Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, "esteve em muitas delas e conhece todos os detalhes".
"De acordo com essas conversas, estou convencido de que poderíamos ter alcançado a paz com Abu Mazen. É um sócio digno que pode promover a paz", destacou.
A última vez que israelenses e palestinos se sentaram para negociar foi no findar de 2010, num processo que durou apenas três semanas.
O líder palestino as abandonou, segundo ele próprio, devido à negação de Netanyahu de prorrogar o congelamento da construção nos assentamentos, algo que já estava sendo cumprido ao pé da letra dez meses antes.
Em janeiro deste ano, ambas partes fizeram uma tímida tentativa de retomar o diálogo com a mediação do ministro jordaniano de Assuntos Exteriores, Naser Judeh, algo que não obteve o resultado desejado pois Abbas utilizou o mesmo ponto: a construção nos assentamentos da Cisjordânia (Judeia e Samaria).
Peres, principal articulista do quase totalmente diluído processo de paz de Oslo - do qual só restam seus fundamentos e a Autoridade Palestina (AP) -, considera que a falta de progresso se deve ao fato de que o primeiro-ministro Netanyahu "acredita que existe outro caminho", e é o de conseguir, primeiramente, uma espécie de paz econômica.
"Não conheço nenhum primeiro-ministro que tenha influenciado mais a realidade do que a realidade tenha influenciado ele. Não existe um primeiro-ministro cujas decisões não sejam influenciadas pela realidade", explicou numa notória amostra do pragmatismo que tanto o caracterizou ao longo da sua carreira política.
Deputado durante 48 anos, ministro de quase todas as cadeiras e primeiro-ministro em duas ocasiões, Peres é presidente desde 2007, cargo que alcançou quando seu antecessor, Moshe Katsav, foi acusado de violência e abuso sexual.
Em recentes diálogos particulares, o chefe de Estado de Israel, que só tem funções protocolares, comparou o governo de Netanyahu com uma "balança desequilibrada" que "nunca dá o peso correto".
"Um governo deve ser redefinido ao zero. Quando o governo se inclina para a direita ou para a esquerda, as decisões que toma nunca são as corretas", assegurou ao defender um governo de unidade nacional que não seja afetado pelas pressões dos partidos minoritários.
Num plano mais pessoal, assegura ao jornal que não tem planos de seguir em funções quando terminar seu mandato em 2014 - terá então 91 anos -, embora tenha intenção de continuar atuando para fomentar a ciência e a investigação.
Radio Jai / EFE / Aurora
Tradução livre: Jônatha Bittencourt
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