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domingo, 15 de abril de 2012

Por que os judeus são odiados?

À esquerda, um cartoon na Alemanha Nazista
em 1938; à direita um cartoon no Egito em 2001.
Já HOUVE comentários de que a história de quase todos os feriados judaicos pode ser sumarizada sucintamente: “Eles queriam assassinar a todos nós; não conseguiram, nós vencemos. Vamos comer.”

Com o contínuo e crescente antissemitismo atual, faz-se oportuno focalizar as suas causas e o que pode e deve ser feito a respeito.

Por um período de 1.700 anos, entre 250 d.C. e 1948 d.C., os judeus sofreram mais do que oitenta expulsões de vários países da Europa, com uma média de uma expulsão a cada 21 anos. Judeus foram expulsos da Inglaterra, França, Áustria, Alemanha, Lituânia, Espanha, Portugal, Boêmia, Maravia e 71 outros países. Segundo vários historiadores, existem seis explicações para o ódio aos judeus, a saber:

A suposta condição econômica: “Odiamos os judeus porque eles possuem muitas riquezas e muito poder.”

A noção de povo eleito: “Odiamos os judeus porque eles arrogantemente se proclamam o povo escolhido.”

A vocação de bode expiatório: “Os judeus constituem um grupo conveniente para escolher e culpar por nossas preocupações.”

A acusação de deicídio: “Odiamos os judeus porque eles mataram Jesus.”

A condição de eternos forasteiros: “Odiamos os judeus porque eles são diferentes de nós.” (a aversão pelo diferente.)

A teoria racial: “Odiamos os judeus porque eles são uma raça inferior.”

Serão essas realmente as causas presumíveis do antissemitismo ou meras desculpas? Qual seria a diferença? Se a causa for retirada, o antissemitismo não existirá mais. Na hipótese de se poder demonstrar uma contradição a essa explicação, ela demonstraria que “a causa” não é uma razão, é somente uma justificação. Enfoquemos algumas contradições:

A suposta condição econômica: os judeus dos séculos XVII, XVIII e XIV na Polônia e na Rússia eram muitos e pobres, não tinham influência alguma e, contudo, foram odiados.

A noção de povo eleito: a) No fim do século XIX, os judeus da Alemanha negaram essa “eleição”. Em seguida, se empenharam na sua assimilação. Todavia, o Holocausto teve início na Alemanha. b) Os cristãos e os muçulmanos também se declaram “o povo eleito” e, no entanto, o mundo e os antissemitas os toleram muito bem.

A vocação de bode expiatório: qualquer grupo já devia ser odiado para ser um bode expiatório efetivo. Essa teoria, portanto, não é uma das causas do antissemitismo. Ela é antes o que faz dos judeus um conveniente alvo como bode expiatório. As arengas aloucadas e os delírios de Hitler não teriam sido levados a sério se ele tivesse dito: “São os ciclistas e os pigmeus que estão destruindo nossa sociedade.”

A acusação de deicídio: a) A Bíblia cristã declara que os romanos mataram Jesus, embora os judeus tenha sido mencionados como cúmplices (as declarações que os judeus tinham matado Jesus surgiram diversas centenas de anos mais tarde). Por que só os cúmplices são perseguidos e não existe nenhum movimento antirromano através da história? b) O próprio Jesus disse: “Perdoai-lhes [isto é, os judeus] porque eles não sabem o que fazem.” O Segundo Conselho do Vaticano realizado em 1963 exonerou oficialmente os judeus de sua acusação de assassinos de Jesus. Mas nenhuma declaração de crença cristã diminuiu o antissemitismo.

A condição de eternos forasteiros: com o Iluminismo no final do século XVII, muitos judeus se apressaram para serem assimilados. De acordo com o raciocínio lógico, o antissemitismo deveria cessar. Com os nazistas veio essencialmente o grito: “Nós odiamos vocês, não porque são diferentes, mas porque estão tentando se tornar como nós! Não podemos permitir que vocês infectem a raça ariana com os seus genes inferiores.”

A teoria racial: o oprimido problema com essa teoria é que se trata de uma questão autocontraditória. Os judeus não constituem uma raça. Qualquer pessoa pode se tornar judia, e membros de cada raça, credo ou cor no mundo assim o fizeram, em uma era ou outra.

Grupos humanos através do tempo e da história são odiados por uma razão relativamente definida. Os judeus, contudo, são odiados através de paradoxos. Eles são detestados por serem uma raça inferior e preguiçosa, mas também porque dominam a economia e têm poder sobre todo o mundo. São odiados porque mantêm teimosamente seu separatismo, e também quando se assimilam por ser uma ameaça para a pureza racial através de casamentos mistos. Os judeus são visto pacifistas e propagadores da guerra, como exploradores capitalistas e comunistas revolucionários; são eles e sempre eles que possuem uma mentalidade de POVO ELEITO, bem como um acentuado complexo de inferioridade. Parece que os judeus são fadados a uma repulsa constante!

STILVELMAN, Raquel. “Por que os judeus são odiados?”. In: O ódio entre os homens, editora Imago, pp. 95-97.

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