Defendeu um Estado no que hoje é Israel e Palestina [...]. Em nenhum momento ele afirmou que os israelenses deveriam sair. |
A entrevista do xeque Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, para o Julian Assange, fundador do Wikileaks, para uma rede de TV patrocinada pelo Kremlin por si só já é notícia, independentemente do que venha a ser discutido.
O entrevistador é o homem que mais divulgou segredos do governo americano na história recente. O outro lidera o que Washington considera a maior organização terrorista do mundo. Para completar, a Rússia por quase cinco décadas foi o maior inimigo dos Estados Unidos.
Ao longo da entrevista, dois pontos me chamaram a atenção. Nasrallah defendeu um Estado no que hoje é Israel e Palestina incluindo judeus, muçulmanos e cristãos. Em nenhum momento ele afirmou que os israelenses deveriam sair. Neste sentido, ele seria a favor de um Estado binacional em todo o território.
Agora, e esta é uma avaliação minha com base em uma série de visitas ao Líbano, entrevistas e leitura de livros de membros do Hezbollah e também de especialistas, a organização libanesa prega sim a destruição de Israel. Nasrallah apenas sabe, melhor do que qualquer líder árabe, fazer relações públicas.
No caso da Síria, Nasrallah argumenta que Assad sempre “esteve ao lado da resistência libanesa e palestina”. Se vocês entenderem resistência como Hezbollah e Hamas, ele está correto. O líder sírio realmente apóia estas duas organizações.
O líder do Hezbollah também diz que tentou mediar um diálogo entre a oposição e Assad. Mas, segundo ele, os opositores não quiseram conversa. Não duvido que seja verdade, mas Nasrallah sabe muito bem quem está no comando do regime em Damasco. E sabe melhor ainda o fim que teve o comandante militar de sua organização, Imad Mughnyeh.
Vejam a íntegra da entrevista aqui.
Gustavo Chacra / Estadão
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