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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Oportunidades e perigos para a grande coalizão sem precedentes em Israel

Shaul Mofaz, que nos últimos anos atacou Netanyahu de maneiras
hudes a ponto de chamá-lo de mentiroso, agora sorri ao seu lado.
Poucas coisas são tão imprevisíveis como a política israelense. Na manhã de segunda-feira, toda Israel, incluindo jornalistas, especialistas, analistas e políticos, ficaram surpresos ao ouvir que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu havia trazido o Kadima ao governo. Este foi um movimento totalmente inesperado que veio em meio a preparativos para eleições antecipadas negociadas apenas uma semana antes.

Em uma conferência de imprensa na manhã de segunda-feira, o líder do Kadima, Shaul Mofaz, que nos últimos anos atacou Netanyahu de maneiras rudes, a ponto de chamá-lo de mentiroso, estava sorrindo lado a lado com o primeiro-ministro quando eles apresentaram os princípios do acordo de coalizão. As principais tarefas da nova coalizão, segundo eles, será mudar a lei Tal que concede isenção do serviço militar para estudantes yeshiva (judeus ultraortodoxos), mudar o sistema governamental, e montar um orçamento que vai reduzir o déficit em 30 bilhões de shekels (moeda israelense), enquanto ao mesmo tempo aumentar a justiça social.

O anúncio de uma coalizão de tamanho recorde, incluindo 94 dos 120 membros do parlamento causou de tudo, de raiva a desespero à esperança entre os diferentes setores da sociedade israelense. A líder trabalhista, Shelly Yachimovich, cujo partido tem pontuação alta nas pesquisas de opinião recentes, irritou-se com o anúncio, chamando o movimento de sujo e nojento. Ela disse que "depois deste negócio não há chance de que o público possa acreditar nos políticos." Em sua opinião e de muitos outros, o Kadima abandonou todos os princípios aderindo a um governo que já criticou por suas más políticas.

Uma pesquisa mostrou, porém, que 44% do público apoia o Kadima aderir ao governo, enquanto 37% se opõem ao movimento. A pesquisa também deu a Netanyahu um impulso de 5% em relação a pesquisa anterior, como a pessoa mais apta a conduzir a nação. Netanyahu recebeu índice de aprovação de 46%, seguido por Yechimovich com 16%. Mofaz recebeu apenas 5%.

Comentário

O acordo de coalizão tem um grande potencial, mas também um lado problemático. Primeiro de tudo, este é o governo que Netanyahu buscava após as eleições, mas a líder anterior do Kadima, Tzipi Livni, se recusou a participar do governo. O potencial está no fato de que agora, pela primeira vez desde os anos 70, os pequenos partidos religiosos, são incapazes de derrubar o governo deixando a coalizão. Isso abre espaço para a mudança da muito injusta lei Tal, e também para a reestruturação do sistema eleitoral. No sistema atual, os partidos pequenos têm influência demasiada e muitas vezes servem como reis decisores.

Uma reestruturação do sistema deve aumentar o limite para os partidos a entrar no Knesset dos atuais 2,5%. Um limiar de 4-5% forçaria os partidos setoriais a cooperar e reduzir a extorsão política. Uma reestruturação deverá também abolir o uso de primárias dentro dos partidos e permitir que as pessoas votem, não só para listas partidárias, mas também para as pessoas dentro do partido. Desta forma, os políticos serão mais responsáveis perante os eleitores por seu comportamento político.

O problema com a nova coalizão está relacionado com o processo de paz. O Kadima está puxando o Likud em direção à centro-esquerda, algo que significa mais concessões, minando os direitos de Israel na Judeia e Samaria (Cisjordânia), e comprometendo-se diante da pressão internacional.

A questão em tudo isso é o que melhor preserva os direitos de Israel e garante a segurança de Israel. A tendência do Kadima é oferecer concessões e aceitar ditames internacionais ou a linha tradicional do Likud de deixar a defesa de Israel finalmente permanecer em mãos israelenses. A atitude tradicional do Likud é baseada na experiência que sempre que Israel confiou em acordos internacionais e nas forças das Nações Unidas para protegê-los, isso não funcionou. Portanto, o controle da Judeia e Samaria é considerado de importância crucial.

A questão principal para a nova coalizão é se ela pode usar a oportunidade sem precedentes de uma ampla coligação para fazer o que deve ser feito com a lei Tal, com o sistema de governo e com o orçamento, enquanto ao mesmo tempo preservando a linha sionista tradicional quando se trata dos direitos do povo judeu de viver em segurança em sua antiga terra natal. Os testes para isto virão rapidamente já que uma decisão judicial que ordenou a destruição de assentamentos está prevista dentro das próximas semanas e a lei Tal precisa ser alterada até 31 de julho.

Fonte: Word of Life Israel

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