"Trata-se de um acordo sem precedentes que permitirá o ajuste de injustiças e a divisão igualitária do fardo", disse Mofaz. |
Uma manobra política dramática evitou a convocação antecipada de eleições gerais em Israel. Minutos antes da aprovação final pelo Parlamento, o Knesset, da lei que convocaria um novo pleito para 4 de setembro, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, do partido direitista Likud, anunciou o fechamento de um acordo com o partido de centro Kadima, agora liderado pelo ex-chefe das Forças Armadas Shaul Mofaz, para a formação de um governo de União Nacional, com a inclusão do Kadima na atual coalizão de governo. A entrada do partido, com a maior bancada no Knesset (28 das 120 cadeiras), fará com que os governistas do Likud (27 cadeiras) liderem uma ampla coalizão com oito legendas e 94 parlamentares.
O acordo, fechado de forma surpreendente, foi acertado após o Parlamento aprovar a dissolução da Câmara, em primeira votação, e quando se preparava para adotar a medida de modo definitivo.
O chefe do Kadima, Shaul Mofaz, será vice-primeiro-ministro e ministro sem pasta no novo gabinete formado em virtude do acordo, precisou a rádio estatal, sem dar mais detalhes.
O Kadima aceitou a entrada no governo em troca de alguns pontos, entre eles a aprovação rápida do orçamento de 2013 e a criação de um comitê para analisar uma mudança no sistema de governo em Israel, criticado por sua instabilidade. Mas a principal promessa de Netanyahu é a legislação de uma lei exigindo a convocação de ultraortodoxos (8% da população) para o serviço militar, medida apoiada pela maioria absoluta dos israelenses, mas que complicava a situação de Netanyahu diante dos três partidos religiosos que compõem sua coalizão. Com a adesão do Kadima, no entanto, o primeiro-ministro se mantém no poder mesmo que essas legendas desertem.
"Trata-se de um acordo sem precedentes que permitirá o ajuste de injustiças e a divisão igualitária do fardo", disse Mofaz aos membros do Kadima, referindo-se à noção de que todos os israelenses devem cumprir o serviço militar obrigatório.
O Likud apoiou o acordo com entusiasmo, mas nem todos do gabinete estiveram de acordo. Gideon Sa'ar e Yuval Steinitz apoiaram o acordo, mas Silvam Shalom e Moshe Kahlon mostraram demonstraram suas ressalvas. Um dos ministros questionou: "Por que dar fôlego ao Kadima se ele está banhado em sangue após a saída de Tzipi Livni?" A antecessora de Shaul Mofaz na liderança do Kadima, a ex-parlamentar Tzipi Livni, se recusara a apoiar o premier nos três anos que liderou o partido, alegando que ele não tem a real intenção de negociar a paz com os palestinos.
Diante dessa instabilidade e do enfraquecimento da coalizão governamental que, nas palavras do primeiro-ministro, danifica a segurança, a economia e a sociedade de Israel, a melhor alternativa é "realizar eleições rapidamente".
Dadas as atuais tensões entre Israel e o Irã, alguns meios de comunicação ressaltaram a importância da nomeação de Mofaz, um antigo chefe militar e ministro da Defesa, contrário a um ataque contra as instalações nucleares iranianas.
Fontes: AFP / EFE / Agência O Globo / El Reloj (espanhol)
Tradução livre: Jônatha Bittencourt
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