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sábado, 14 de maio de 2011

"Dia do Nakba" e o método de virar a mesa

No domingo 15 de maio, os árabes palestinos comemoram o que chamam de “Dia do Nakba.” Nakba significa “catástrofe”, e refere-se à guerra de 1948, quando Israel foi estabelecido. A data é escolhida com cuidado, pois é o dia seguinte ao dia da Independência de Israel segundo o calendário gregoriano. A comemoração de Nakba ocorre tanto na Judéia e Samaria (Cisjordânia) e entre os árabes de Israel. Em anos anteriores, a comemoração, que geralmente consiste de grandes manifestações com a bandeira palestina e banners enormes atacando e condenando Israel, por vezes se tornou violenta.

Israel pretende reforçar suas forças de segurança, a fim de lidar com a violência esperada. Contrariamente aos anos anteriores, os árabes palestinos têm encorajado os árabes em outros países para exercer pressão sobre Israel marchando em grande número para as fronteiras de Israel. Centenas de páginas do Facebook foram criadas para fazer campanha para tais ações, e a flotilha de Gaza, que agora está prevista para final de junho, foi originalmente pensada para ser uma parte deste esquema. A Irmandade Muçulmana no Egito está planejando enviar um grande grupo de alunos para as fronteiras de Israel perto de Gaza.

Na terça-feira, os árabes na Galiléia organizaram um comício de Nakba, onde 15 mil árabes israelenses participaram. Alguns dos cartazes exibidos na manifestação se referiam a cidades no interior de Israel, como Kfar Saba e Petach Tikva, como ocupadas. Ahmed Tibi, árabe israelense membro do Knesset (Parlamento), falou no encontro e afirmou: “Em 1948, a limpeza étnica foi realizada através da destruição de 531 aldeias, a expulsão de centenas de milhares, e a pulverização do povo palestino.”

Enquanto isso, em referência a um reconhecimento de Israel de um Estado palestino, o líder do Hamas, Khaled Mashaal, afirmou terça-feira que sua organização “está disposta a oferecer [a Israel] extensão de um ano a fim de analisar as suas intenções.” Sua ousadia era provavelmente reforçada pela declaração do Secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, de que o Hamas não é uma organização terrorista: “A visão de que o Hamas é uma organização terrorista é uma visão que pertence a uma minoria de países...”

Comentário:
Árabes protestando.
A comemoração do “Nakba” é uma questão altamente controversa em Israel. Um princípio central durante essas manifestações é o direito do regresso dos refugiados. Tal retorno significaria o fim do Estado judeu e os judeus têm dificuldade em entender como os árabes israelenses, cidadãos do Estado, podem expressar simpatia com uma ideologia que visa destruir este Estado. Muitos veem estas manifestações como uma prova de que os árabes israelenses são um quinta coluna.

O professor Dan Schueftan da Universidade de Haifa, que estudou o conflito de 43 anos e especializou-se sobre os árabes israelenses, confirma amplamente esse ponto de vista, dizendo: “Não é uma posição política, que pode mudar, mas sim um componente importante na sua identidade árabe. Como uma coletividade, eles estão tentando trazer a destruição do empreendimento nacional judeu.”

A escolha da data, 15 de maio, é notável neste contexto. Esta data remonta a 1948 e fala sobre o próprio estabelecimento de Israel, referindo-se a isto como uma catástrofe. Mas por que eles não escolheram a data de 11 de junho? Esta é a data em que a Guerra dos Seis Dias terminou, a guerra que deu a Israel o controle da Judéia e Samaria (Cisjordânia). As negociações de paz, que atualmente inexistem, e as declarações feitas por líderes árabes palestinos ao público ocidental, tem como objetivo alcançar um acordo sobre os resultados de 11 junho de 1967. A chamada ocupação que a Autoridade Palestina diz que eles querem um fim, referem-se a 11 de junho. Portanto, a menos que se considere a existência de Israel um problema, não há razão para escolher 15 de maio. As consequências de 15 de maio não podem ser corrigidas sem destruir o Estado judeu.

É, por outro lado verdade que uma catástrofe aconteceu em 1948. A decisão árabe de não aceitar o plano de partilha da ONU - e com isso estabelecer um outro estado árabe ao lado do judeu -, mas sim ir para a guerra, levou a uma catástrofe. Como resultado desta agressão árabe, um número praticamente igual de judeus e árabes se tornaram refugiados. No processo, centenas de aldeias árabes foram abandonadas, algumas destas destruídas, alguns árabes foram forçados a mudar-se por tropas judaicas, mas a grande maioria dos árabes fugiram incentivados por seus próprios líderes. E lembre-se, muitos árabes permaneceram dentro do recém-formado Estado judeu. A catástrofe, a guerra e suas consequências, foi um trabalho dos líderes árabes e seus exércitos. Israel não declarou guerra - os árabes fizeram! Equidade exige que os manifestantes do Nakba devam direcionar suas críticas aos países árabes e procurar indenização deles, não de Israel.

O que temos aqui é o clássico método de virada de mesa. Em outras palavras, culpar o outro lado por falhas próprias. Isto fica bastante claro no exemplo acima, mas numerosos outros exemplos poderiam ser acrescentados. A Guerra dos Seis Dias foi também um ato de agressão árabe que Israel agora está sendo chamado para pagar; “a ocupação é a culpada!” Então, afirma-se que os foguetes vêm de Gaza por causa da ocupação, as mercadorias israelenses são boicotadas em todo o mundo por causa da ocupação, ataques e assassinatos de fiéis judeus ou a chacina de toda uma família judaica são justificados pela referência à ocupação; o anti-semitismo em todo o mundo é o resultado da ocupação; e Israel é apontado como vilão entre as nações na ONU por causa da ocupação. Não importa que “a ocupação” seja o resultado de agressão árabe.

Há uma lógica semelhante em jogo nas declarações de Khaled Mashaal e Amr Moussa. Já não é a Autoridade Palestina que deve reconhecer Israel, mas o contrário. Como não há nenhum indício que o Hamas possa ou tente atender essa exigência de reconhecer Israel, a única saída de sair desse dilema é ir para o ataque. Não importando que o primeiro-ministro israelense já tenha aceito a criação de um Estado palestino.

E de acordo com Moussa, o Hamas não é mais uma organização terrorista (já que a “maioria das nações” – significando os Estados muçulmanos e um número de ditaduras – não considere isso dessa forma). Mas se isto é assim e seus membros ainda carregam armas e atacam israelenses, segue que os membros do Hamas são combatentes da liberdade – lutando contra a “ocupação.” Assim o Hamas se torna, então, o herói moral e bom, e o Exército Israelense é o açougueiro imoral. Este método de virada de mesa é muito óbvio e fácil de expor, então por que os árabes continuam com ele? Há uma resposta muito simples para isto: Funciona! Surpreendentemente, funciona! Provavelmente, até Alice no País das Maravilhas teria sido surpreendida. 

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