Páginas

sábado, 7 de maio de 2011

Ex-líder de agência secreta israelense fala sobre possibilidade de ataque aéreo ao Irã

Meir Dagan
O ex-líder do Mossad, Meir Dagan, afirmou que um ataque aéreo contra os reatores nucleares do Irã é "a ideia mais estúpida que já escutei e que não ofereceria vantagem alguma". Esta foi a sua primeira aparição pública, durante uma conferência sobre liderança e segurança na Universidade Hebraica de Jerusalém, desde que abandonou em setembro a direção do serviço secreto.

Meir Dagan explicou que o Irã tem uma infraestrutura nuclear clandestina paralela à legítima e civil. Esta é supervisionada pela Organização Internacional de Energia Atômica (OIEA) das Nações Unidas. Qualquer ataque à infraestrutura civil legítima seria "ilegal segundo a legislação internacional", afirmou o ex-líder do Mossad.

Também destacou que um ataque ao Irã seria muito diferente do bem-sucedido bombardeio aéreo ao reator nuclear iraquiano em 1981. O Irã dispersou suas instalações em diferentes lugares no país, o que tornaria muito difícil para Israel promover um ataque aéreo efetivo, declarou. Segundo o ex-diretor dos agentes secretos israelenses, existem provas de que o Irã é capaz de mover suas atividades nucleares de um lugar para o outro a fim de iludir a vigilância dos órgãos de supervisão internacional e das agências de inteligência do Ocidente. No Irã, ninguém teria problemas em construir um sistema de centrífugas porão de uma escola,  destacou.

"A capacidade da Força Aérea de Israel é inquestionável."
A capacidade da Força Aérea de Israel é inquestionável; o problema se refere às possibilidades de completar a operação e alcançar todos os objetivos.

"Quem atacar o Irã deve entender que estará provocando uma guerra regional, onde os mísseis seriam lançados a partir do Irã e do Hezbollah, no Líbano."

O problema iraniano deve ser entendido como um problema internacional e devemos continuar atuando com o fim de atrasar o desenvolvimento das capacidades nucleares da República Islâmica", declarou Dagan.

Dagan minimizou o significado dos protestos no mundo árabe, especialmente no Egito, ressaltando que lá foi produzida "uma mudança de líderes e não uma revolução". Também afirmou que não houve uma "revolução da internet", já que a maioria dos egípcios não tem computadores.

O ex-oficial de inteligência declarou que a mesma elite segue governando o Egito e que as possibilidades da Irmandade Muçulmana tomar o poder são mínimas. Também ressaltou que a retórica anti-israelense provavelmente continuará; mas que não gerará mudanças fundamentais na relação com Israel porque os líderes egípcios entendem que tais alterações iriam contra a própria economia, além de outros interesses.

Meir Dagan desprezou o chamado "tsunami" do Oriente Médio, destacando que, na realidade, os protestos deram expressão a figuras históricas pré-existentes na sociedade árabe. No entanto, disse que certas barreiras de medo foram rompidas e que já não é possível ocultar os eventos que acontecem na região.

Dagan acredita que a possível destituição do presidente sírio, Bashar Al-Assad, seria um fato positivo para Israel, já que o líder alauíta coopera com o Hezbollah e o Irã; aliás, a queda do presidente fortaleceria o campo sunita na Síria e no mundo árabe, dois fatores positivos para o Estado judeu em termos estratégicos, acrescentou.

O ex-líder do Mossad estima que Assad não deixará o poder pela pressão das manifestações, indicando que o líder sírio e seus seguidores alauítas compreendem que não restam alternativas senão lutar até o final.

Via: Aurora
Tradução: Jônatha Bittencourt

0 comentário(s):

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário.