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quinta-feira, 1 de março de 2012

Cristofobia?

De uma ponta a outra do mundo muçulmano,
cristãos estão sendo assassinados por sua
fé, afirmou Ayann Hirsi Ali.
Dia 16 de feveiro estava no aeroporto internacional Ben-Gurion voltando do Oriente Médio (numa viagem que visitei entre outros países o Egito) para o Brasil quando vi a capa da revista Newsweek com o título "A guerra contra os cristãos". Ia comprar a revista, mas pensei que conseguiria um preço mais em conta em minha conexão em Londres, todavia não haviam mais dessa revista lá, porque era uma edição da primeira semana de fevereiro.

Quando abri a revista me surpreendi com a palavra Cristofobia, que nunca tinha visto ser utilizada em nenhum lugar anteriormente. De volta ao Brasil procurei o artigo e descobri que foi Ayaan Hirsi Ali quem escreveu, encontrei alguns trechos já traduzidos para o português que seguem:


Ouvimos tantas vezes sobre os muçulmanos como vítimas de abuso no Ocidente e combatentes na Primavera árabe na  "luta contra a tirania". Mas, na verdade, um tipo totalmente diferente de guerra está em curso, custando milhares de vidas. Os cristãos estão sendo mortos no mundo islâmico por causa de sua religião. É um genocídio em ascensão que deve provocar alarme global.


O retrato de muçulmanos como vítimas ou heróis é na melhor das hipóteses parcialmente precisas. Nos últimos anos a opressão violenta contra minorias cristãs se tornou a norma em países de maioria muçulmana que se estende desde a África Ocidental e do Oriente Médio para o Sul da Ásia e Oceania. Em alguns países são os governos e seus agentes que queimaram igrejas e prenderam cristãos. Em outros, grupos rebeldes  fizeram isso, assassinando cristãos e forçando-os a saírem de regiões onde viviam a séculos.

O medo da mídia de falar sobre o assunto, sem dúvida, tem vários motivos. Pode ser o medo de provocar mais violência. Outro motivo, é mais provável, pode ser a influência dos grupos de lobby, como a Organização de Cooperação Islâmica, uma espécie de Nações Unidas do Islã, centrada na Arábia Saudita e do Conselho sobre Relações Americano-Islâmicas. Durante a última década, estes grupos  e outros têm sido notavelmente bem sucedidos em convencer as principais figuras públicas e jornalistas no Ocidente a pensarem que toda e cada crítica feita aos muçulmanos, sejam exemplos de discriminação  anti-muçulmana, a chamada "islamofobia" - um termo que é utilizado para provocar a desaprovação moral, comparada à xenofobia ou homofobia.
 Mas uma avaliação imparcial dos acontecimentos recentes  leva à conclusão de que a dimensão e a gravidade da islamofobia desaparecem  em comparação com a cristofobia sangrenta atualmente acontecendo em países de maioria muçulmana em todo o mundo. O silêncio em torno desta expressão violenta de intolerância religiosa tem que parar. Nada menos do que o destino do cristianismo e, em última análise de todas as minorias religiosas no mundo islâmico está em jogo.

De leis de blasfêmia a assassinatos brutais, de atentados a mutilações e da queima de locais sagrados, os cristãos de tantas nações vivem com medo. Na Nigéria, muitos sofreram todas essas formas de perseguição. A nação possui a maior minoria cristã (40 por cento) na proporção de sua população (160 milhões) de qualquer país de maioria muçulmana. Durante anos, os muçulmanos e cristãos na Nigéria tem vivido à beira da guerra civil. Radicais islâmicos provocam muita se não toda a tensão. A mais recente dessas organizações, que se chama Boko Haram, que significa "educação ocidental é um sacrilégio." Seu objetivo é estabelecer a Sharia na Nigéria. Para este fim, declarou que vai matar todos os cristãos no país.

 No mês de janeiro deste ano, Boko Haram foi responsável por 54 mortes. Em 2011, seus membros mataram pelo menos 510 pessoas e queimaram ou destruíram mais de 350 igrejas em 10 estados do norte. Eles usam armas, bombas de gasolina, e até facões, gritando "Allahu Akbar" (Alá é grande), enquanto realizam  ataques contra cidadãos inocentes. Eles atacaram igrejas, uma  no dia de Natal (matando 42 católicos).

 A cristofobia, que tem atormentado o Sudão há anos toma uma forma muito diferente. O governo autoritário muçulmano sunita no norte do país há décadas atormentam a minoria cristã do sul. O que tem sido muitas vezes descrito como uma guerra civil é, na prática perseguição sustentada pelo governo do Sudão. Esta perseguição culminou no genocídio  em Darfur, que começou em 2003. Mesmo que o presidente muçulmano do Sudão, Omar al-Bashir, foi indiciado pelo Tribunal Penal Internacional em Haia, que o acusou de genocídio, e apesar da euforia que saudou a independência do  Sul do Sudão em julho do ano passado, a violência não terminou. Em Kordofan Sul, os cristãos ainda estão sujeitos a sofrerem bombardeios aéreos, assassinatos seletivos, o sequestro de crianças, e outras atrocidades. Relatórios da Organização das Nações Unidas indicam que entre 53.000 e 75.000 civis inocentes foram deslocados de suas casas e que casas e edifícios foram saqueados e destruídos.

 Ambos os tipos de perseguições, realizadas por grupos extragovernamental, bem como por agentes do Estado aconteceram no Egito, no rescaldo da Primavera árabe. Em 9 de outubro do ano passado na área de Maspero Cairo, cristãos coptas (que representam cerca de 11 por cento da população do Egito de 81 milhões) marcharam em protesto contra uma onda de ataques islâmicos, incluindo os incêndios em igrejas, estupros, mutilações, e assassinatos, que se seguiram à derrubada da ditadura de Hosni Mubarak. Durante o protesto, as forças de segurança egípcias levaram seus tanques no meio da multidão e atiraram contra os manifestantes, esmagando e matando pelo menos 24 e ferindo mais de 300 pessoas. Até o final do ano mais de 200.000 coptas fugiram de suas casas com medo de mais ataques. Com islâmicos prontos para ganharem  poderes muito maiores, na sequência das recentes eleições, os medos dos Cristãos parecem serem justificados.

CONCLUSÃO DO ARTIGO:

Então, vamos por favor colocar isso entre nossas prioridades. Sim, os governos ocidentais devem proteger as minorias muçulmanas de intolerância. E, claro, devemos garantir que eles possam adorar, viver e trabalhar livremente e sem medo. É a proteção da liberdade de consciência e de expressão que distingue as sociedades livres das ditaduras. Mas também precisamos manter a perspectiva sobre a escala e gravidade da intolerância. Desenhos, filmes, e escritos (sobre maomé) são uma coisa, facas, pistolas e granadas são algo completamente diferente.

Quanto ao que o Ocidente pode fazer para ajudar as minorias religiosas em sociedades de maioria muçulmana, a minha resposta é que ele precisa a começar a usar os bilhões de dólares em ajuda que dá aos países problemáticos como alavancagem. Depois, há o comércio e o investimento. Além da pressão diplomática, essas relações de ajuda e comércio podem e devem ser subordinada à proteção da liberdade de consciência e de culto para todos os cidadãos.

Em vez de acreditarmos em notícias exageradas de islamofobia ocidental, vamos tomar uma posição real frente a cristofobia que existe no mundo muçulmano. A tolerância é para todos, exceto os intolerantes.
Por Vitor Ferolla

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