A rejeição brasileira ao pedido do Irã acendeu um sinal amarelo nos bastidores da diplomacia. |
A decisão da presidente Dilma Rousseff de rejeitar o pedido do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, de uma audiência oficial durante a Rio+20 azedou a relação Brasília-Teerã, que havia se estreitado com a amizade entre Ahmadinejad e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizem diplomatas reunidos no Riocentro. Nos bastidores da conferência, o clima entre os delegados iranianos não poderia ser pior, apesar de, oficialmente, diplomatas de Teerã se esforçarem para mostrar tranquilidade.
Outro revés ocorrera dias antes. O prefeito Eduardo Paes cancelou a inauguração de uma réplica das colunas de Persépolis doada pelo governo do Irã. O evento seria sexta-feira, em São Cristóvão, mas a prefeitura mudou de planos alegando que o local não estava pronto. O mal-estar ocorre no momento em que Ahmadinejad precisa demonstrar força fora de casa:
-— A mensagem de Ahmadinejad na Rio+20 é política. Ele tem poucos aliados no exterior e precisa reafirmar liderança — observa o pesquisador Reza Marashi, da ONG Conselho Nacional Iraniano-Americano. — Ele está enfraquecido por disputas de poder com os aiatolás, e seu futuro político após as eleições presidenciais de 2013 é incerto.
A rejeição ao pedido do Irã acendeu um sinal amarelo nos bastidores da diplomacia, pois sinaliza uma mudança de curso na política externa, um rompimento com a era de aproximação apregoada por Lula, que chegou a negociar, junto com a Turquia, em 2010, acordo pelo fim do impasse sobre o programa nuclear de Teerã. Segundo uma fonte, dificilmente Lula recusaria uma reunião com Ahmadinejad. Nasceram, então, rumores de uma estratégia brasileira para isolar o presidente da república islâmica, todos refutados por diplomatas dos dois lados.
— São rumores infundados. Há muitos pedidos de encontros bilaterais com a presidente. Foi preciso recusar o de Ahmadinejad e os de outros líderes — asseguram fontes diplomáticas.
Fonte: O Globo
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