O Mercado dos Suicidas

Possuem mais de 100 meninos entre
12 e 17 anos, o que é mais econômico...

No Afeganistão e no Paquistão, um novo mercado está em ascensão: o dos suicidas. São homens que oferecem suas vidas aos grupos terroristas ou meninos educados para esse objetivo. Seu preço chega até a faixa de 60 mil euros, segundo informações do diário australiano "The Sydney Morning Herald" na terça-feira (05).

No último final de semana, as agências de Inteligência afegãs prenderam, no oeste do país, um paquistanês que, dentro de alguns dias, cumpriria sua missão de assassinar um comandante do exército local. Sher Hassan - o homem detido - afirmou às autoridades que havia sido vendido pelo grupo paquistanês Tehrik-e-Taliban (TTP) ao Haqqani, considerado um dos grupos terroristas mais perigosos do Afeganistão. Hassan havia sido enviado aos campos de treinamento terroristas há mais de um mês.

"Hassan disse que havia sido vendido para uma missão específica servindo a um grupo de talibaneses do Paquistão", revelou o Serviço Nacional de Segurança do Afeganistão (NDS, sigla em inglês). O homem detido comentou que um comandante chamado de Hakimullah Mehsud é o que vende material suicida ao grupo de Haqqani. "Estes homens são comprados para levar adiante missões suicidas", acrescentou o NDS.

O talibã Mehsud lidera um grupo considerado responsável por boa parte dos atentados suicidas no Paquistão. Os extremistas do país asiático também ataram, recentemente, uma menina de nove anos junto a um colete com explosivos para a execução de um atentado contra um posto policial.

O perfil dos "homens-bomba"

O NDS afirma que as redes de venda possuem mais de 100 meninos entre 12 e 17 anos, o que é mais econômico frente aos gastos elevados por ataques suicidas.

"99% dos meninos sequestrados para esses ataques suicidas são oriundos do Paquistão, onde são ensinados, treinados e equipados em escolas religiosas e em outros campos de treinamento de insurgentes", afirma o porta-voz do NDS, Lutfullah Mashal.

O valor de um suicida

Em apenas três anos, o preço no mercado por um terrorista suicida parece ter aumentado drasticamente. Há dois anos, o ministro do Interior paquistanês, Rehman Malik, declarou que o preço por um "homem-bomba" era menos de 20 mil euros. Agora pode chegar aos 60 mil.

Isso não é uma prática recente, embora tenha virado notícia nas regiões do mundo onde antes esse mercado era desconhecido. No entanto, a pobreza extrema à qual estão submetidos os cidadãos de Afeganistão e Paquistão leva muitos homens a pagar com sua vida para ajudar a salvar suas famílias.

Fonte: El Mundo
Tradução: Jônatha Bittencourt