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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Autor israelense escreve sobre a perda de filho na guerra


A dor da perda de seu filho mais novo Uri, morto há seis anos em combate no sul do Líbano, tornou a tarefa de escrever sobre a tragédia um ato insuportável, apenas superado porque a poesia veio em socorro do escritor israelense David Grossman, um dos mais conceituados autores de seu país ao lado de Amós Oz. Grossman, que escreveu um livro notável sobre a amarga experiência que divide com outros pais em Israel, Fora do Tempo (Companhia das Letras, 176 pp.., R$ 34,50 – Trad.: Paulo Geiger), teve de recorrer a uma figura mitológica para realizar esse trabalho de luto, um insólito centauro – metade homem, metade escrivaninha. Ele usa esse híbrido como metáfora do ser que perde a natureza humana, se torna afásico e depois recupera o poder da fala para traduzir em palavras a dor que sente, seguindo adiante em seu mundo de ausências. Como resultado, Fora do Tempo escapa a qualquer classificação de gênero. Não é romance, ensaio político, mas pode ser lido como prosa poética que reconta o drama vivido por Grossman e sua mulher sem que em nenhum momento seja evocado o nome de Uri. (O Estado de S. Paulo – 27/08/2012 – Por Antonio Gonçalves Filho)



SINOPSE. Num registro deixando transparecer o contexto pessoal e israelense apenas por alusão, Fora do tempo retoma o drama medieval para, com o auxílio da parábola e do maravilhoso, forçar os limites da expressão e dar voz ao luto desde dentro. Depois de cinco anos de dor muda, um Homem subitamente recupera a fala e anuncia a sua Mulher que partirá numa jornada para “lá”, onde sente que o espera o filho morto. Andando em círculos, ele magnetiza uma cidade de pais enlutados, que, numa espécie de transe, marcham como se pudessem franquear a linha de fronteira entre “aqui’ e “lá”. A estranha disputa entre um Anotador supostamente incumbido pelo Duque da cidade de registrar as dores alheias e um atormentado Centauro – metade homem, metade escrivaninha – com bloqueio criativo evidencia que o trabalho do luto é também o percurso tantas vezes extenuante de esclarecimento da experiência da perda e retomada da palavra.

Leia um trecho em pdf


Via: @Pletz 

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