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Pesquisadores israelenses identificaram uma proteína que o vírus da gripe usa para combater o sistema imunológico do organismo |
O sistema imunológico é equipado com células “assassinas” (NK, do inglês “Natural Killer”) que reconhecem e eliminam as células infectadas pelo vírus da gripe para impedir que ele se espalhe. Se as células NK sempre funcionassem perfeitamente, ninguém ficaria com gripe. O estudante de doutorado Yotam Bar-On investigou esse mistério e suas descobertas podem levar a uma nova forma de se tratar essa infecção viral que, às vezes, pode levar à morte. “Há poucos anos, o meu supervisor, o prof. Ofer Mandelboim, descobriu que as células NK eram importantes para combater a infecção da gripe. No entanto, quando infectávamos camundongos com o vírus, descobrimos que ele pode manipular as células NK e evitar que elas o eliminem. As NK não funcionam 100% porque o vírus da influenza reage”. Em seu laboratório, na Universidade Hebraica de Jerusalém, Bar-On e Mandelboim identificaram a arma que o vírus usa para combater os “assassinos” do organismo: É uma proteína chamada de neuraminidase, capaz de neutralizar com eficiência os receptores das células NK responsáveis pela detecção das células infectadas com o vírus da gripe. Conforme o artigo publicado pelos pesquisadores no "Cell Reports", o vírus da gripe usa a neuraminidase para reduzir a eficiência das células NK em aproximadamente 50%. “O mais interessante é que, quando inibimos a neuraminidase, percebemos que as NK funcionavam melhor e os camundongos recuperavam-se da gripe. Portanto, comprovamos a capacidade de defesa contra o vírus da influenza inibindo a proteína”.
A emergência de novas cepas dos vírus da influenza, como a gripe aviária (H5N1) e a gripe suína (H1N1), levam a pandemias severas em todo o mundo. Recentemente, uma cepa mortal da gripa aviária (H7N9) causou a morte de seis pessoas em um mês na China. Os especialistas estão frustrados porque muitas cepas da gripe ficaram mais resistentes às drogas antivirais existentes. A descoberta de Bar-On e Mandelboim é o ponto inicial para o desenvolvimento de novos tratamentos para ajudar às células “assassinas” do sistema imunológico a fazer o seu trabalho de forma mais eficiente. “Agora, as drogas existentes funcionam para inibir uma proteína diferente no vírus da gripe a inibir a propagação do vírus, mas a desvantagem é que o vírus pode sofrer mutações e evitar os efeitos das drogas”, explica Bar-On. “Daí nascem as cepas resistentes”. A ideia dos israelenses é inibir a neuraminidase para permitir que as células NK funcionem em toda a sua potência. “Com esse tratamento, ficará muito mais difícil para o vírus escapar. Sob a supervisão do Prof. Mandelboim, estou trabalhando em uma abordagem mais prática para desenvolver essa droga”. Mandelboim, professor de imunologia geral e de oncologia do Instituto de Pesquisa Médica Israel Canadá (IMRIC), na Faculdade de Medicina da Universidade Hebraica, recebeu uma bolsa conjunta da Juvenile Diabetes Research Foundation e da Israel Science Foundation para trabalhar com Angel Porgador, da Universidade de Ben-Gurion do Negev para desenvolver anticorpos que bloqueiem um receptor usado pelas células NK para destruir as células produtoras de insulina no pâncreas.
Fonte: ALEF News / Edição 1.813